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quinta-feira, 31 de maio de 2007

Homenagem à menina que mais me enche o saco e que mais faz falta....

Bom, nos conhecemos há mais ou menos dois anos. Nesses dois anos, já brigamos pra cacete, já nos beijamos muito, nos abraçamos mais ainda, já conversamos sobre a gente, sobre os outros, sobre o tempo, já nos abraçamos como amigos, como ficantes e como namorado, e já nos beijamos também nessas três situações. Tudo o que fizemos, fizemos em três versões. Amigos, ficantes e namorados. Todas elas foram maravilhosas, uma melhor do que a outra. Tanto pra mim quanto pra você, acredito. No seu primeiro aniversário, não estávamos juntos, mas queríamos estar. Nesse, não estamos mesmo. Esse período ta sendo complicado, me acostumei com você como amiga, amiga colorida, namorada, mas ex-namorada ta sendo bem complicado. E hoje, pior ainda. Queria te ver, te dar um beijão, levar flores, um bicho de pelúcia maior do que você, tirar sua roupa e dormir abraçadinho, esperando o próximo aniversário.

Por isso prefiro não te ver hoje. Desculpa, mas você me conhece, vai ser melhor pra nós dois. Não quero estragar seu momento com algum eventual mau humor. Parabéns, e parabéns por tudo o que você tem conquistado e ainda vai conquistar. Torço muito por você, e vou torcer pra sempre. Você foi uma amiga maravilhosa, uma ficante sensacional, e a namorada perfeita.

Queria muito ainda ter você como amiga, e hoje poder te ver, te dar um beijão na bochecha sem perigo nenhum, um abração bem apertado e cochichar no seu ouvido “conta sempre comigo, magrela. E nunca deixa ninguém te chamar de magrela. Só eu”. Mas não vou fazer isso. Corre o risco de o beijo querer escorregar, o abraço apertar demais, e o cochicho terminar em uma mordida maledicente na orelha. Então, por aqui mesmo, sem perigo de nada, parabéns. E agora vou falar uma coisa que vai ser um parto. To no trabalho, escondendo as lágrimas pra tomar coragem de te dizer isso. Espero que você encontre alguém que te ame como eu te amei, e que cuide de você como eu cuidei, e se preocupe como eu me preocupei. É isso. Mas se encontrar, finge que ele é babaca, senão eu vou ficar com mais ciúmes ainda. Bom, era isso. Parabéns, se cuida, e agora fecha os olhos e me imagina sussurrando no seu ouvido “conta sempre comigo, magrela. E nunca deixa ninguém te chamar de magrela, ta!? Só eu...”.


"You and I have memories that are longer than the road that stretches out ahead" - You and I, The Beatles

terça-feira, 29 de maio de 2007

Modéstia beeeem a parte

Discordo completamente dessa onda de “comunismo intelectual” que anda por aí. Hoje em dia a moda entre professores e psicólogos popstars de plantão é essa história de noventa por cento de transpiração e dez por cento de inspiração. Bobagem. Que mania que as pessoas têm de fazer todo mundo ficar igual. Coisa horrorosa. Escrever, por exemplo, é definitivamente um dom. Ou pelo menos um tipo de habilidade inata. Ninguém ensina ninguém a escrever. Nem conto, nem crônica, nem nada. Assim como futebol, música, desenho ou pintura, é uma coisa que nasce com o sujeito. Você até aprende a técnica, mas técnica não faz de ninguém um escritor. Um ótimo revisor não é, necessariamente, um bom escritor. Uma vez perguntaram à Noel Conrad à que ele atribuía seu sucesso estrondoso como teatrólogo, ator, compositor, letrista, cantor, diretor de teatro e de cinema. Ele pensou, fez uma cara pra fingir que tava pensando muito e lascou, cínico: - Talento.

Da mesma maneira que entrar numa escolinha de futebol não faz de ninguém um Robinho e entrar num conservatório não vai te transformar num Mozart, aprender gramática ou regras de estilo desses manuais que tão na moda não vai fazer ninguém virar um Veríssimo da noite pro dia. Definitivamente. É claro, e isso não se pode negar, que a parte técnica conta muito. Mas essa é a parte que pode ser aprendida. Você lê e aprende. Ninguém vira gênio em área nenhuma por que leu muito a respeito. No máximo você vai virar um entendido. Entendido é aquele sujeito que nunca jogou bola na vida, mas acha que o Robinho “não é isso tudo não! Ele dribla prum lado só! Ah se fosse eu...”. Mas nunca é ele. Ele critica, quer ensinar, mas não faz. É aquele cara que sabe mas não faz. É aquele professor que você teve que não acha nenhum publicitário famoso bom, mas se acha um gênio. Um gênio dando aula, enquanto os outros imbecis estão lá enchendo o rabo de dinheiro, e ele sendo incompreendido pelo mundo injusto e cruel.

Escrever bem não é usar palavras rebuscadas ou períodos longos e cheios de vírgulas. Como disse Vinícius, uma frase longa nada mais é do que duas frases curtas. Aliás, sempre duvide das palavras grandes demais. Se você precisa de uma palavra grande pra explicar alguma coisa, pense mais. A escrita deve ter a fluência da fala. Senão o leitor fica de saco cheio e simplesmente desiste. O leitor é preguiçoso. Se em algumas linhas ele não se interessar muito, ele desiste e vai assistir TV. No fim, quando ele terminar de ler, descansar os olhos e parar pra pensar no que acabou de ler, você tem que fazer ele pensar “Putaquipariu! É exatamente isso! Eu sempre pensei isso mas não sabia como explicar!”. Você soube. Esse é o pulo do gato. Eu, por exemplo, não falo nenhuma novidade. Eu falo o que todo mundo pensa, mas eu sei como descrever. E isso cria uma empatia com o leitor. Mesmo que ele não concorde, ele admite a validade dos seus argumentos. Eu uso as metáforas e as comparações que fazem o leitor pensar “pô, pior que é!”. Mas eu pensei e escrevi. Essa é a diferença. Uma vez perguntaram à Michelangelo como ele fazia para esculpir tão bem. Ele falou com a maior naturalidade do mundo: “Eu olho um bloco de mármore e vejo a escultura dentro dela. Tudo o que eu tenho que fazer é tirar o que tá sobrando...”. É exatamente isso. Tirar o que tá sobrando. E não botar o que não existe. É exatamente o que eu faço: penso o que todo mundo pensa, só tiro o que sobra...

domingo, 20 de maio de 2007

Carta a uma leitora

Bom, como todo mundo sabe, tenho escrito bem menos aqui do que deveria pra um sujeito que pretende ficar milionário escrevendo antes dos trinta. Antes, no início do blogue, as coisas eram bem mais profícuas por aqui. E todo mundo sabe por que. Hoje os textos estão mais esparsos, só os amigos sentem falta e cobram, mais por educação do que por outra coisa. Mas há alguns dias, vi um comentário em um texto meu. Era um comentário simples, “escreve mais, vai”. Assinava “Juliana”. Bom, a mão do meu afilhado é Juliana, e ela é um anjo, sempre elogia qualquer porcaria que eu escrevo. Pensei “ah, que legal, a Ju não tem o que fazer em casa e queria ler alguma coisa engraçada”.

Pois eis que, ontem, um comentário me fez parar pra pensar. Dizia, ipsis literis: “Léo, falando sério, não deixa de escrever aqui.. cara, voce escreve demais.. é lindo ver o seu amor..e as coisas que voce sente.. mesmo lendo coisas q eu nunca senti, eu consigo saber exatamente como é que voce sente. vc tem futuro =)”. Bom, nesse comentário não reconheci a Juju do Pedrinho, meu afilhado. Não parece ser ela. Nem nenhuma Ju que eu me lembre. Até por que, nenhuma pessoa que me conhece, em sã consciência, ia me elogiar desse jeito. Todos eles acham meu ego a única construção da Terra visível de Vênus. Nenhum deles faria isso. E também, a Juju é casada com meu melhor amigo, e ela já sentiu quase tudo disso que eu escrevo.

Então, se for alguma Ju conhecida, desconsidere esse txto a partir daqui, e obrigado pelo comentário. Se for alguma Ju que eu não conheço, ou pelo não saiba quem é, continue lendo. E me elogiando sempre, claro. Pois então. Antes de mais nada, obrigado pelos elogios. É legal saber que não só meus melhores amigos que lêem isso aqui. E que não são só eles que gostam do que eu escrevo. Só que, quanto ao meu amor, usa no passado agora. “Sentia” etc. não pretendo mais escrever sobre isso, não me faz bem a longo prazo. Eu fico lendo, remoendo...

Você falou que nunca sentiu essas coisas. Primeiro, foi o melhor elogio da minha vida saber que alguém que nunca sentiu as coisas das quais eu falo consegue saber exatamente o que eu senti. Pra um cara que escreve, ouvir isso é a melhor coisa. Segundo: como assim nunca sentiu? Nunca amou, ou nunca tomou um pé na bunda? Se nunca tomou um pé, sorte sua. Se você não for escritora, sua vida vai ser bem melhor sem ter que passar por isso. Agora, se não amou, antes que eu esqueça, me dá a receita. Mas olha, se você nunca amou, não sabe o que tá perdendo. Tá perdendo noites de sono perdidas, litros de lágrimas derramados, horas e horas de expectativa vã por um telefonema que não vem nunca, dores de cabeça, no peito e nós na garganta, mas também cafunés sensacionais enquanto você faz cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, beijos apaixonados, abraços intensos, e uma pessoa que te ama como se você merecesse. Vou falar, no momento ainda dói, mas assim que passar, vou ter que lhe dizer: vale a pena. Vale a pena trocar uma briga por um sorriso de dentro do ônibus de partida, vale a pena trocar uma noite em claro por um “ele não é lindo” sussurrado a uma amiga, com um sorriso no rosto, como se você fosse, realmente, bonito. E vale muito a pena trocar as hora de ansiedade a espera do telefonema que não vem, pela alegria que toma conta de você quando, finalmente, ele vem.

Bom, é isso, Ju. Obrigado pelos elogios, e se eu não te conhecer, ou não souber quem você é, seja sempre muito bem vinda por aqui, mas cuidado, meu ego tem vida própria, elogia muito não que ele acaba se acostumando mal. Ah, e antes que eu esqueça, se identifique no próximo comentário, por favor, e deixe algum contato. E capricha, por que vou postar aí em cima o seu comentário em resposta a esse texto. p.s.: depois eu mando o recibo por esse texto. p.p.s.: quanto a eu ter futuro, que Deus te ouça e as editoras e as revistas digam amém.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Não acredite em uma pessoa apaixonada

Quando uma mulher que te ama, ou ao menos tem algum envolvimento emocional, sexual ou hierárquico com você, lhe disser algo de bom, ou fizer algum elogio, desconfie. Não que ela esteja mentindo, até por que, somos burros, e se ela estiver, não perceberemos. Mas desconfie simplesmente por que ela tem algum interesse, direto ou indireto, ou alguma “obrigação” de te elogiar ou falar bem de você. Interesse de valorizar o namorado, interesse de levar você pra cama ou, no último exemplo, interesse de ganhar um aumento puxando seu saco. Aí, nessas horas, elas não mentem, elas embelezam a dura e feia realidade. Sua chatice vira persistência, sua grosseria vira personalidade, sua canalhice vira “ele preza muito a liberdade dele”, e até sua mãe, que antes era cobra e tinha mais é que morrer engasgada com uma azeitona sem caroço, agora é “difícil” e “tem medo de perder o filho”.
Então, falávamos sobre elogios. Essa gente tem interesse em te ver bem, em falar bem. Não que façam sempre por esse motivo, você até pode ter uma qualidade ou duas. Mas ela com certeza vai exaltá-las ao máximo, e se depender dela, daqui a pouco você tá presidindo a ONU. Às vezes é até sem querer, afinal, ela te ama, e uma mulher não pode amar um vagabundo que não faz nada da vida, ela tem que amar alguém que está se recolocando no mercado, buscando satisfação pessoal e não somente realização profissional.
Mas e a outras pessoas? E quando você conhece um bocado de gente, gente sem nenhum interesse desses lá de cima, até porque, você não é chefe delas e ela já estão dando pra algum amigo seu, e essa gente gosta de você de verdade, e te elogia, e fala bem, e lembra de você, e fala sempre com você etc. Amigos de amigos, amiga de amigos, pessoas que te conhecem há poucos dias e já falam bem de você como se você merecesse, e te querem por perto como se isso não fosse perigoso. Gente que mal te conhece e já te quer pra namorado da prima, gente que te conhece há poucos meses, e ainda assim te viu uma ou duas vezes, e já te acha o sujeito mais legal do mundo, enfim, gente que não quer te dar, não ta apaixonada por você, não vai te pedir aumento nem grana emprestado, e mesmo assim essa gente te liga, manda email, manda recado, quer você sempre por perto e vive te elogiando e falando que você escreve bem (mesmo sendo isso um fato incontestável), que você é inteligente, engraçado e espirituoso.
É nessa gente que você deve acreditar. Ma se alguma delas resolver te dar, se apaixonar por você ou resolver arrumar um emprego na empresa que você trabalha, pare de acreditar. A partir daí, só acredite em elogios repetidos, por que pode acreditar que os novos estarão completamente contaminados. Se você conseguir alguma coisa com a prima delas então, camarada, não acredite em mais nada....