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quarta-feira, 4 de abril de 2007

Tempos difíceis...

São outros tempos. O vizinho faz churrasco e nego passa o pão na fumaça. Tempos difíceis, quentes, superpovoados e desinibidos. Há quem goste, há quem reclame, há quem sinta saudades dos tempos de outrora, onde as cores eram em tons pastéis, as roupas serviam ao seu real propósito – cobrir - e as pessoas podiam usar palavras como “outrora”, “desinibidos” e “tons pastéis”, sem que algum gaiato perguntasse de bate-pronto se isso é de comer ou de passar no cabelo.
Antigamente as coisas eram mais fáceis. Claro, as coisas que hoje são difíceis eram fáceis. Mas camarada, as coisas que hoje são mais fáceis que continência de soldado em dia de festa no quartel, naquela época eram difíceis pra burro. Era mais fácil ser romântico, essas coisas. Imagina a cena: você ta de saída com a pequena pra algum lugar, coisa e tal, quando, de repente, começam a cair as primeiras gotas de chuva. Você, influenciado pela época áurea de Hollywood, olha pro alto, fecha os olhos, respira fundo, abre os braços e se deixa lavar pelas gotas divinas. Depois de alguns segundos, você percebe que sua companheira já está debaixo de uma marquise, olhando você com cara de quem tá olhando um macaco dentro da jaula jogando seus dejetos na platéia.
Molhado, você se aproxima dela. Ela te olha de cima a baixo, como que se arrependendo do maldito momento em que decidiu sair com você. Você, inocentemente, solta um “o que que houve?”. “o que que houve? Você é maluco? Eu to com celular, palm, câmera fotográfica, e isso sem falar que eu fiz escova hoje de manhã! Você deve ter algum problema”. E ao invés de reclamar da falta de romantismo da moça, você para pra pensar que sim, você é maluco, por que você não fez escova, mas também estava com o celular e o palm no bolso. Ainda está, só que agora eles nem dão sina de vida. Aí bate aquela saudade da época em que as pessoas não tinham celular, nem palm, nem faziam escova. E se martiriza por não conseguir, você, um bastião da melancolia, não conseguir viver sem celular nem palm nem câmera nem mulheres com escova. E pondera, triste, se daqui há algum tempo, não será você a correr pra esconder a escova debaixo da marquise. Vai saber, são tempos realmente difíceis.

3 comentários:

Anônimo disse...

Dá uma licencinha por favor!! o/
Primeira leitoraa.. o/
Primeira a comentar..
Ha ha ha ha..

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh.. Eu ameiiii!!!
Léo.. A vida seria um caoos sem celular!! Pensa, pensa..
Como a gente ia viver sem receber uma mensagenzinha??

Ahh.. Se não fossem as escovas!!
Eu ía ter o meu cabelinho enroladinho até hoje.. E definitivamente eu odeio o meu cabelo enrolado!!
Huhsuahsuahsuahs..

Eu li o texto e fiquei me lembrando das nossas conversas.. E quando vc solta umas coisas e eu pergunto:
- O q Léo??

E começo a rir..
Daí vc fala:
- Nunca ouviu isso?

E eu:
- Não.. Não eh do meu tempo!!

Huhsuahsuashaushausha..

Enfim.. Eu adorei!!
O nome eh muito a sua cara!!
Huhsauhsuahsua..
Mais uma vez..
PERFEIÇÃO de texto!!

Beijo gigantesco pro 'Escritor' favorito!!
=]

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk

Vc c supera a cada di!

Bjs e te adoro

Anônimo disse...

Bem... é o que se diz por aí, "menos é mais"!!!!!!!!!!!!

Fala sério, dispensar uma pegaçao mega romentica na chuva????
essa parafernalia moderna soh serve pra atrapalhar!!!... tudo bem que depois de tudo o gostosao ia olhar para os cabelos da mocinha in natura e talvez repensasse o telefonema do dia seguinte... mas fazer o que né!

Adorei! E ainda ri muito quando li a respeito da palavra "outrora". usei isso numa entrevista de trabalho e foi simplesmente ridículo! A vovó! ahahahahahahahhaa!!!

beijo, Léo!