Google
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Surpresas da vida, ou, "Que pizza que nada..."

Texto antigo, escrito como tema de redação. Mas nunca foi tão atual


Há apenas alguns dias atrás, ele gargalharia diante da simples menção da palavra “namoro”. E faria um longo, cínico e cético discurso sobre como as mulheres não prestam, são instáveis e só gostam de homem filho da puta, por isso ele desistira de seguir por essas veredas. E, depois de falar isso, ele olharia pro alto, estalaria os dedos como um açougueiro antes de destrinchar um bezerro, e falaria com a cara mais lavada do mundo, que, daqui pra frente, o tempo máximo que ele passaria com a mesma mulher – tirando a mãe dele e algumas amigas – seriam as oito horas da suíte em promoção no motel da estrada. Pra ele, dali em diante, isso seria mais do que suficiente. E ainda citaria o famoso frasista Charles Pierce: a mulher perfeita é aquela que se transforma em pizza às seis da manhã. E daria um sorriso tão cruel que faria gelar o sangue do próprio Roberto Jefferson. Ficara assim após a última desilusão, e era esse o pensamento recorrente em sua cabeça naquele momento.

Pois eis que – como é de praxe – a vida lhe pregou uma peça: botou no seu caminho a mulher mais meiga, amável, carinhosa e atenciosa na qual ele já havia botado os olhos. E ele, seguindo seus instintos predatórios, foi à caça. Mas como acontece em desenho animado, a caça tinha um canhão de beijos, afagos, cafunés, sorrisos e suspiros à sua espera. E acertou ele em cheio. Sua resistência caíra por terra. Ele não se reconhecia: ele queria estar com ela o tempo todo, queria ela só pra ele já no primeiro dia e, pasmem, com ela as oito horas não seriam suficientes. Aquele rosto angelical, infantil, e ao mesmo tempo sedutor e convidativo havia acabado de vez com seus arroubos machistas. De vez.

Hoje, algumas semanas depois, a eles lhes parece que se conhecem há anos. E ela faz o que ele acharia que nenhuma mulher jamais fosse fazer: o trata como se ele fosse o último frutilly de uva do deserto do Saara. Como se ele fosse – parafraseando a mim mesmo - vinte quilos mais forte, dez centímetros mais altos e tivesse oito dígitos a mais na conta bancária. E a certeza com que ela faz isso o impressiona e o faz se apaixonar mais a cada dia. E agora, enquanto escreve um texto sobre um cara que não queria mais se apaixonar mas levou uma pernada do destino; enquanto ele faz isso, ele pensa que, à uma da manhã de um domingo, ele só quer beijos, abraços e promessas de amor eterno; e pensa que quando ela o abraça e se aninha no seu peito, se sentindo protegida de tudo e de todos, e dizendo que ele é tudo que ela sempre quis, a última coisa que ele precisa – hereticamente discordando de Pierce – é de uma pizza.

4 comentários:

Anônimo disse...

Leo adorei o jeito como você discorre um pensamento, uma história. Clareza e uma boa história pra contar é o que já percebi que encontrarei aqui no seu Blog. Parabéns e sucesso! Ganhou uma leitora.

Beijos

Anônimo disse...

Karacolis... e foi um feriado daqueles hein...

ahhhhhhhhhhhhhh

tudo que eu quero hoje é oq eu não queria....

..perfeito né?

Anônimo disse...

É, essas coisas acontecem mesmo. A vida, pernadas do destino, paixão, bailarinas... Acontece, fazer o que? Ninguém está livre disso.
Fiu...

O texto maaais lindooooo! x)
Amo você!
=)


Ps: Esqueci de mencionar.. Realmente, foi um feriado daqueles!
;)

Anônimo disse...

eu ia comentar nesse.. mas a porcaria da facul deve bloquear, só pode!!!
ia dizer q ameiii o texto.. q prefiro qnd vc fica assim, "romanticuzinhu" hauhauahuahau.. seus textos conseguem me emocionar (apesar disso hj n ser grande proeza, to virando "a chorona".. quem diria rsss)..
mas eu gosto desse estilinho.. até me identifico as vezes, tirando a parte das 8hs no motel, claro hauahuahauau
bjsssssssssssss kbça ^^
e se n for agora n comento nunca mais :P