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sábado, 22 de setembro de 2007

De mudança

Pois é, amigos e amigas. Eis que chega a hora. To mudando o Ego Grande pra outro serviço de blogue. Enquanto não fico rico e compro um domínio, o outro também é gratuito, mas é mais simples pra vocês, e mais fácil também. Muita gente não conseguia comentar aqui no blogger, lá é bem mais fácil. A cara do blogue tá mais clean, mais aviadado mesmo, mas tá valendo. Não vou tirar esse aqui do ar não, só quando o pessoal já tiver se acostumado. Como são dezenas de milhares de visitas por hora no meu blogue, ele vai ficar por aqui por um bom tempo. Espero que gostem. Ósculos e amplexos.

Ah, o endereço novo é http://euemeuegogrande.wordpress.com.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Você e ela


Você já falava inglês quando ela nasceu. Você ouve jazz, blues, rock e bossa, e ela cantarola uns pagodinhos, adora o Eminem e curte o tum-ti-tum-ti-tum das raves. Você vai para barzinho, musiquinha ao vivo e amigos tocando um violão. Pra ela, nenhum lugar com menos de cinco mil decibéis é suficientemente bom. Você fala inglês, espanhol e francês, está fazendo mestrado e pensa em fazer uma segunda faculdade. Ela, cursinho pré-vestibular e curso de inglês. Numa roda de amigos, você fala de música, política e arte. Ela pergunta logo o que aconteceu no capítulo de ontem da novela das oito. Quando você a apresenta pra sua mãe, ouve logo: “mas meu filho, você está namorando uma coleguinha do seu irmão?”. O pessoal do trabalho vive te sacaneando, perguntando se você recita músicas da Ivete pra ela. Você lê Tolstoi, Dickens, Proust, Kafka... Ela tem todos os livros do Paulo Coelho, assina a Caras e não perde um livro do tipo “Fulana F. : drogada, prostituída, fodida e vendendo milhões de livros”. Você se preocupa com os prazos do cliente e com o dinheiro que ainda não caiu na sua conta, e ela só pensa na prova de química. Quando você chega na casa dela pra sair, a mãe dela te olha como se estivesse deixando a filha passar um fim de semana com o Michael Jackson em Neverland. Mas você nunca tinha parado pra pensar nisso. E nada disso faz a menor diferença quando ela te olha com aquele olhar de gatinho em pet shop, diz que está cansada e se aninha no seu peito, fechando os olhinhos, suspirando e pedindo cafuné. Nada disso importa...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

De grão em grão

Você não é a mulher da minha vida. Pelo menos, ainda não. Você não foi meu primeiro amor, nem minha primeira namorada, muito menos minha primeira mulher. Não foi amor a primeira vista nem uma paixão que me arrebatou logo de cara. Não estamos juntos por amigos em comum, afinidades de qualquer grau ou por força do destino. Nada místico, nada mágico, nada “sobe trilha com névoa ao fundo e viveram felizes para sempre”. Foi aos poucos. E, também aos poucos, uma menina que não gostava muito de ler, passou a ser a minha leitora número um. E essa leitura fiel, somada a um contato diário via internet foram fazendo isso tudo começar.

Aos poucos você me conquistou como ninguém fez, repito, aos poucos. Paixões arrebatadoras não nos deixam escolha. Não precisam de motivo nem causa. Com você foi aos poucos. E não vou mentir, você tem uma coisa que mulher nenhuma teve: apesar da admiração que você tem por mim – que não cabe aqui discutir se mereço ou não, apesar de achar que não – apesar disso, você me aceita com todos os defeitos de uma maneira que me dá até medo. Chato, brigão, ciumento, cínico, debochado, transbordando humor negro e sarcasmo... Mesmo não sendo nada disso com você, tirando o ciumento... Não é questão de aceitar cegamente, como muita gente faz. A questão é que você entende que ninguém é perfeito, nem você, eu muito menos, e aceita isso. Não fica posando de superior, me corrigindo o tempo todo ou me recriminando. Você reclama quanto tem que reclamar, e fala quando tem que falar, mas sem me achar um estuprador que acabou de sir da cadeira, como várias pessoas fazem...

Queria que as coisas fossem um pouco mais fáceis, você e alguns de vocês sabem do que eu to falando. Queria poder participar mais do seu dia a dia, do seu crescimento constante e dessa fase difícil da sua vida, de escolha profissional e tal. Queria eu ter alguém pra me ajudar, as coisas teriam sido em mais fáceis. E você me escuta quando eu falo sobre coisas que eu já passei, porque você sabe que não falo por mal, falo pra você pegar os atalhos que eu poderia ter pegado e ninguém me mostrou. Com dez anos a menos, você uma maturidade que eu não vou ter em cinquenta anos, e que poucas mulheres com quem já me envolvi tiveram. No sentido de ouvir, de prestar atenção, coisa que eu nunca tive. Sempre me fodi, com muito orgulho, inclusive. Você faz hoje, o que eu aprendi a fazer depois de anos me fodendo. “Só um idiota aprende com os próprios erros. Um sábio aprende com os erros dos outros”. E você ta aprendendo com os meus, que não foram poucos, diga-se de passagem.

É isso. Aos poucos, bailarina, você me trata e gosta de mim de uma maneira que eu achei que só existisse em filme. Sem desespero, sem morrer por isso. Só gostando, admirando e cuidando. E pode ter certeza, bailarina, é mútuo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ai,ai...

Texto velho, mas mais atual do que nunca...

“Um sujeito parado, sozinho, numa esquina, numa noite de chuva e com aspecto feliz. Ou é maluco, ou está apaixonado”. Não me lembro bem de quem é essa frase, mas é sem dúvida uma dessas verdades absolutas, assim como o hidrogênio e a burrice. É, essa frase também não é minha... Originalidade é a arte de saber esconder as fontes, minha senhora. Como? Não,essa também não é minha. Mas vamos ao que interessa, o assunto da frase inicial. O que as pessoas mudam quando estão apaixonadas é uma grandeza! Nego fica simpático, bem humorado, mais calmo, anda na rua rindo sozinho, e tem até quem fique inteligente e passe a gostar de pagode e axé...

Qualquer coisa é motivo pra ficar feliz: se tá sol e de repente começa a chover, e você tá de camisa branca, pasta cheia de papel e sem guarda chuva, você logo levanta a cabeça, olha pro horizonte e fica pensando em o quanto a natureza é bela e imprevisível. Há uma semana atrás você ia estar mandando a natureza pra puta que pariu, por que sempre chove quando você tá sem guarda chuva. Passa um carro em cima de uma poça e te ensopa todo, e você, ao invés de procurar uma pedra e arrebentar o vidro do desgraçado, suspira, sorri e sai chutando a água, se achando o próprio Gene Kelly... No dia anterior você foi dormir às cinco da madrugada trabalhando, e agora, às oito da manhã, toca o diabo do telefone e, ao invés de quebrar o maldito aparelho, arrebentar a tomada e mandar o infeliz pros quintos dos infernos, você atende o sujeito que quer te vender enciclopédia às oito da manhã como se fosse seu amigo de infância, e quando ele lhe dá bom dia, você – que em sã consciência ia fingir que vai comprar o curso só pra encontrar com ele e quebrar a cara dele -, responde prontamente: “É, está um ótimo dia! Não poderia estar melhor!”, compra uma coleção de enciclopédias e ainda indica mais dez amigos que estariam interessadíssimos em comprar enciclopédia às oito da manhã de um sábado de sol. E ainda lhe deseja muito boa sorte e que ele tenha um ótimo dia. E não que ele morra de hemorróidas.

Você não liga pra pisão no pé, empurrão no ônibus nem gente furando fila. Afinal, a vida é tão boa pra ficar se preocupando com essas banalidades... Você senta no ônibus e começa a cantarolar sozinho, sorrindo e batucando no banco da frente. Você escuta uma música numa boate, e se une ao coro dos que cantam com os dedinhos levantados e olhos fechados. Nada te aborrece. Hora extra, vizinho barulhento, a Telemar, nada! Nada consegue te tirar do sério. Você não liga nem pruns malucos chatos e pretensos escritores que ficam enchendo seu saco no seu blogue, fazendo textos tão engraçados quanto dor de dente, tão inteligentes quando redação de “o que você fez nas férias” de curso de inglês de adolescente, e tão empolgantes e interessantes quanto itinerário de elevador. Nem isso te irrita. Nada te irrita. Você é o próprio Dalai Lama. Bom, quase nada. À não ser quando você liga, liga, liga e ela não atende. Aí você levanta, dá um soco no computador, um bico na mesinha de centro, taca uma pedra no pára-brisa do corno que te molhou, mete a porrada no desgraçado que tá querendo furar fila e liga pro palhaço que te ligou às oito da manhã, manda ela pra casa do caralho, e entra nos blogues pra rir dos textos ridículos daquelas bichas enrustidas só pra exercitar seu sadismo. Mas fora, isso, nada, mas nada mesmo, consegue tirar seu bom humor...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Onde eu tava com a cabeça?

Onde eu tava com a cabeça? Durante todo esse tempo, amigos, depois ficamos, e nem me passou pela cabeça o que tá acontecendo hoje. Eu tinha medo. Medo de você, de mim, dela. Medo de te magoar, te me magoar, de magoar ela, quando ainda restava alguma esperança. Meu Deus, onde eu tava com a cabeça? Desde a primeira vez você gostava de mim de um jeito diferente, e eu, idiota como sempre, fingia que não via. Varria pra debaixo do tapete. A distância, seus amigos, os problemas por causa dela, o medo de ela me querer de volta, tudo isso influenciava.

Aí percebi onde tava com a cabeça: em coisas e razões inventadas, só por medo. Até que decidi engolir o medo. E doeu menos do que eu achava. Seus amigos, os problemas, a distância, nada disso dez diferença quando eu pesei. Você tem o mesmo efeito que o Pedrinho tem sobre mim. Vocês me acham um sujeito tão legal, uma pessoa tão boa, que é foda pra mim não ser assim. E eu não sou. Mas tento ser, mesmo que de leve, pra não decepcionar vocês. Quando você fala pra uma amiga que ela “tem que conhecer o Léo, ele é muuuuito gente boa!!”, além de exagerando demais, você tá me obrigando a ser muito mais legal do que eu sou, e eu quase não sou.

Eu não preciso melhorar, me sinto bem assim. Ninguém é perfeito, e não sou idiota de tentar ser. Eu sou isso aí que todo mundo vê aqui. Mas o medo de decepcionar vocês faz eu me policiar, e pedir desculpas por coisas que eu não fiz a gente que não gosta de mim, ou aguentar certas coisas que algum tempo atrás seriam resolvidas com um bom e velho direto de direita no queixo, e algumas horas de incosciência. E você é uma pessoa normal. Não se acha superior ou moralmente melhor do que eu, nem do que ninguém. Você me acha uma boa pessoa e ponto.

E você gosta de mim sem me julgar, sem tentar me mudar e sem que eu faça nada. Nos vimos meia dúzia de vezes. Nos falamos o dia todo, mas nos vimos pouco. E você gosta de mim do jeito que eu sou. E desse jeito você me ganhou. Eu sou que nem gato de rua: se você tentar me prender e me educar à força, eu fujo. Mas se você me fizer um cafuné e me aceitar do jeito que eu sou, eu posso passar o resto da vida deitado do seu lado no sofá... E ninguém nunca tinha tentado isso antes...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"Qué qué, não qué tem quem qué"

Eis que surge mais uma musa pro blogue. E novamente, os problemas de sempre. Amigos “preocupados” com a amiguinha estar se relacionando com o próprio profeta de Satã e, por conseguinte, reprovando o que acontece. Já vi esse filme antes. Já vi mais do que Indiana Jones na Seção da Tarde. Nesse caso dos meus novos fãs e leitores aqui do blogue, de DDD 22, parece que além de profeta do cão, eu sou o cara que comia o maníaco do parque na cadeia.

Até aí, tudo bem, democracia, durma-se com um barulho desses, coisa de americano... Mas então, achar, reprovar, não gostar, “se preocupar”, acontece. Não ligo mesmo. O que me chateia, não por mim, mas por chatear a pessoa que está comigo, são os pré-julgamentos. Dessas pessoas que não aprovam e não gostam de mim, nenhuma delas me conhece. Acham que conhecem por causa dos meus textos. Deixo pra elas um poema do Pessoa, no fim do texto.

Então, não me conhecem e já não gostam. Até aí, também tudo bem, nunca comi brócolis e não gosto. No problemo. Mas é aí que vem a parte dos pré-julgamentos. Além de não gostar, agir como se eu não fizesse bem à pessoa em questão, ou como se eu a fizesse algum mal, ou ainda pior, não estar nem aí se faço bem ou mal, e simplesmente não aprovar por ciuminho bobo ou sentimento de “to perdendo a amiga”, é, no mínimo, idiotice. E agir com ela como se ela estivesse errada de estar tentando ser feliz com um sujeito que se preocupa com ela umas duzentas vezes mais do que muita gente que diz que se preocupa, e que além de apaixonado, já tentou por várias vezes, sem sucesso, apaziguar a situação com eles, é, no mínimo, falta de respeito e falta de preocupação com a felicidade da amiga.

É isso. Não costumo desabafar assim, já acham que eu sou veado, se ficar escrevendo assim então, to fodido. Mas nossa história toda, TODO MUNDO sabe quem ta errado. Todo mundo. E todo mundo ta vendo se ela está mal por causa de mim. Se alguém duvida, uma visitinha na nossa página de recados ou nos nossos Nicks pode dirimir qualquer dúvida. E pra quem acha que me conhece totalmente pelo que eu escrevo, pensem duas vezes enquanto lêem esse poema...

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

*Não sou poeta, mas o espírito é o mesmo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Surpresas da vida, ou, "Que pizza que nada..."

Texto antigo, escrito como tema de redação. Mas nunca foi tão atual


Há apenas alguns dias atrás, ele gargalharia diante da simples menção da palavra “namoro”. E faria um longo, cínico e cético discurso sobre como as mulheres não prestam, são instáveis e só gostam de homem filho da puta, por isso ele desistira de seguir por essas veredas. E, depois de falar isso, ele olharia pro alto, estalaria os dedos como um açougueiro antes de destrinchar um bezerro, e falaria com a cara mais lavada do mundo, que, daqui pra frente, o tempo máximo que ele passaria com a mesma mulher – tirando a mãe dele e algumas amigas – seriam as oito horas da suíte em promoção no motel da estrada. Pra ele, dali em diante, isso seria mais do que suficiente. E ainda citaria o famoso frasista Charles Pierce: a mulher perfeita é aquela que se transforma em pizza às seis da manhã. E daria um sorriso tão cruel que faria gelar o sangue do próprio Roberto Jefferson. Ficara assim após a última desilusão, e era esse o pensamento recorrente em sua cabeça naquele momento.

Pois eis que – como é de praxe – a vida lhe pregou uma peça: botou no seu caminho a mulher mais meiga, amável, carinhosa e atenciosa na qual ele já havia botado os olhos. E ele, seguindo seus instintos predatórios, foi à caça. Mas como acontece em desenho animado, a caça tinha um canhão de beijos, afagos, cafunés, sorrisos e suspiros à sua espera. E acertou ele em cheio. Sua resistência caíra por terra. Ele não se reconhecia: ele queria estar com ela o tempo todo, queria ela só pra ele já no primeiro dia e, pasmem, com ela as oito horas não seriam suficientes. Aquele rosto angelical, infantil, e ao mesmo tempo sedutor e convidativo havia acabado de vez com seus arroubos machistas. De vez.

Hoje, algumas semanas depois, a eles lhes parece que se conhecem há anos. E ela faz o que ele acharia que nenhuma mulher jamais fosse fazer: o trata como se ele fosse o último frutilly de uva do deserto do Saara. Como se ele fosse – parafraseando a mim mesmo - vinte quilos mais forte, dez centímetros mais altos e tivesse oito dígitos a mais na conta bancária. E a certeza com que ela faz isso o impressiona e o faz se apaixonar mais a cada dia. E agora, enquanto escreve um texto sobre um cara que não queria mais se apaixonar mas levou uma pernada do destino; enquanto ele faz isso, ele pensa que, à uma da manhã de um domingo, ele só quer beijos, abraços e promessas de amor eterno; e pensa que quando ela o abraça e se aninha no seu peito, se sentindo protegida de tudo e de todos, e dizendo que ele é tudo que ela sempre quis, a última coisa que ele precisa – hereticamente discordando de Pierce – é de uma pizza.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Maria Rita é a mulher da minha vida

Pois é. É isso. Sem delongas e sem xurumelas. Descobri a mulher da minha vida. Seu nome é Maria Rita Mariano. É, rapaz... Eu ia fazer um parágrafo com mistério, falando que encontrei a mulher da minha vida e tal, enrolando, pra no final desfazer o mistério. Mas eu não podia gastar um parágrafo em um texto sobre a mulher da minha vida. Sem mais delongas, já gastei três linhas. Vamos ao que interessa. Não bastasse ser filha da Elis com o Cesar Camargo Mariano, claro. Ela é a encarnação da mulher Leila Diniz que tanto nos faz falta hoje em dia! É a mulher que não tem medo de amar, se sofrer e sofrer de novo, de perdoar e tentar de novo! Hoje em dia as mulheres com essa onde de independência e tal, tão mais machos que muito macho por aí. A Maria Rita não. Definitivamente não.

A eterna Leila já falou que “…mas, às vezes, dentro da sociedade que a gente vive, é bacaninha você ter um homem do teu lado, nem um homem – viu? – um companheiro, um treco bacana. Alguém que diga: está pegando fogo? Então vamos apagar juntos”. No seu passo, mas com personalidade e talento próprios, não negando aos seus, a nossa (minha, sou ciumento) Maria Rita versa em uma das suas últimas músicas, que “E se voltar te dou café/Pra ele ninar com um cafuné/Pra deixar teu dia mais gostoso”. Ela ama, sofre e, ao contrário das outras mulheres, não fica revoltada e “moderna”, que não precisa de homem, não chora nem nada.

Isso sem falar que uma mulher que além de escrever e sentir isso pode cantar isso tudo pra você! Pra mim, no caso. O que mais falta? Ela tem tudo o que qualquer homem pede em uma mulher, com os opcionais que nenhum homem tem coragem de admitir. E mesmo assim ela não perde o ar independente, de “não vou morrer se você for embora, mas se você ficar vou te amar com todas as minhas forças”. Ao invés do pensamento corrente atual feminino, que nenhum homem é insubstituível. Porra, ninguém é, mas a gente era muito mais feliz quando vocês mentiam pra gente, e nos faziam pensar que nós éramos sim a razão pela qual vocês respiravam! E é o que a Maria Rita faz. Ela não deixa de ser feminina ou independente por isso, pelo contrário!

Então, Maria Rita, é isso. Acabei de descobrir que você é a minha musa inspiradora, meu modelo de mulher, enfim, a mulher Leila Diniz que nós, homens, tanto estamos sentindo falta. E se os homens estiverem se sentindo intimidados, acuados, inferiorizados ou qualquer outra palhaçada metrossexual dessas, não liga não. Estou aqui, sempre em busca de cafuné, café, e alguém que faça meu dia mais gostoso. Até tenho isso tudo hoje em dia, não com a freqüência que eu gostaria, mas tenho. Mas ela não canta bem como você. Ela vai entender, não se sinta culpada. Ela vai entender...

sábado, 1 de setembro de 2007

Carta a um camarada distante

É, camarada... Tamos ficando velhos, seu filho tá crescendo e nossa contagem regressiva só diminui, levando com ela nosso otimismo, nossa paciência e, sobretudo, nossa fé. Não a fé no sobrenatural, nem no divino. Essa nunca tivemos muita. Mas a fé nas pessoas, nas coisas, no mundo, no amor, nas mulheres e, no meu caso, no fluminense ganhar o campeonato. Nossa situação é muito parecida. Ambos solitários, por motivos diferentes. Você, aí, isolado no meio do nada, trabalhando 27 horas por dia. Eu, aqui onde sempre estive, mas mais sozinho do que nunca, e cheio de gente ao redor. É nessas horas que eu queria muito ter um Pedrinho me esperando pra quando eu chegasse em casa puto da vida, ele me chamasse pra brincar de pirata e recarregasse minhas energias pro dia seguinte, ou pra semana seguinte, ou pro mês até.

O machucado que me incomoda, me perdoe a frase má formada, ainda incomoda. Tá quase bom, mas sabe como é, de quando em vez um ponto solta e sangra um pouquinho. Sabe como é, quando não se tem alguém pra reclamar, qualquer dorzinha demora mais a passar. É isso que falta pra passar de uma vez. Mas nada que o tempo não resolva, sempre resolve. As vezes alguma coisa me faz lembrar de repente, mas bem menos do que antes. Você sabe como eu sou idiota com essas coisas. Deve ser alguma coisa que botavam na água do colégio....

No trabalho melhor não podia estar. Aliás, podia, um aumentozinho é sempre bem vindo, mesmo ainda nem tendo recebido meu primeiro salário. Mas eu gosto pra caralho do que eu faço, lá é muito bom. Pelo menos isso. Durante as aulas de matemática ou de Educação Física, nas nossas conversas o futuro se apresentava para nós com muito mais grana e menos complicações. Casar aos trinta, terminar a faculdade aos vinte e poucos. Nenhum de nós se casou aos trinta nem terminou a faculdade aos vinte e poucos. Você, bem antes do que esperava, mas ganhou um belo presente. Tão belo que de vez em quando eu roubo ele pra mim. E eu, bom, eu continuo fazendo besteira pela vida a fora, um dia eu aprendo.

Quando éramos pequenos achávamos que cresceríamos e não saberíamos fazer nada, e teríamos que fazer uma faculdade genérica qualquer só pra garantir o sustento da família. Hoje descobrimos, mais eu do que você, o que sabemos fazer, e muito bem. Nao quis dizer que eu faço melhor que você só que eu tenho menos dúvidas. Eu tenho um talento bem maior do que achava que teria quando era adolescente cuspindo nos pombos no colégio. Só que nessa época, na nossa cabeça simplória de quem achava que ia mudar o mundo, talento era diretamente proporcional a grana. Pois é, camarada, mas não é. No meu caso, o que ainda me mantém escrevendo, resta saber até quando, é a meia dúzia de comentários em cada texto desse blogue.

E você. Trabalhando na outra ponta do país, enfurnado aí sem internet, telefone, porra nenhuma. De um modo sutil, ambos invejamos a situação ruim do outro. Eu invejo sua solidão forçada e tranquila em um lugar novo, e você inveja o “caminho” que eu to fazendo na carreira. Só que a solidão não é tão legal a ssim, e parece que peguei o caminho errado uns mil quilômetros atrás. E já tá tarde pra voltar, camarada. E você, por mais que seja legal conhecer um lugar novo e por conta própria, ficar long do seu filho não lhe é nada agradável. Pra mim já não seria, imagina pra você.

Mas sabe o pior disso tudo? É que há quinze anos, durante o recreio ou durante as tardes na sua casa jogando RPG, tínhamos uma fé tola e adolescente de que tudo ia dar certo. E hoje, mesmo sabendo que não deu, ainda temos um pouco dessa fé idiota e infantil. E não tenho medo de falar por você, camarada. E é isso que ainda nos mantém aqui, escrevendo, com saudade deo filho, tentando e tentando e se fodendo, pra uma hora poder dizer “nós éramos foda! Sabíamos que ia dar certo”.

Abraços e boa sorte aí pra você, e aqui pra mim. Se acreditássemos em Deus, ia falar “seja o que Deus quiser”. Sempre em frente, e como diria o anarquista John Serzan, “Ou luta ou se cala. Não é tempo de queixas”.

Abraços,

Léo.

Romana Legio Omnia Vincit.