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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

É bonito ser feio

Voltando do trabalho ainda há pouco, vinha conversando pra distrair a longa jornada até a minha casa. Tinha umas meninas muito bonitas no ônibus, e comçamos a pensar na grande injustiça desse mundo cão. Quando elas chegavam perto das pessoas, quando era homem, logo o sujeito se ajeitava no banco do ônibus pra ela sentar, faltava lamber o assento. Mas quando era uma mulher feia, o sujeito resmungava e fingia que tava dormindo. Esse mundo é realmente muito injusto com as pessoas, digamos, menos favorecidas esteticamente.

Então, começamos, o Lufe e eu, a divagar. Se um dia um de nós dois for Governador ou Presidente, isso vai acabar. Vamos fazer a sociedade um lugar bem mais justo e menos desigual. Seguinte: cobraremos imposto sobre a feiúra. É, imposto. Em níveis: normal, feio, muito feio e “volta pro inferno, Satanás!”. Dependendo do grau da feiúra, se pagará mais ou menos imposto. Mas aí você questiona: mas isso não vai resolver nada pra eles, vai é piorar! Que nada. Não termina por aí.

Esse dinheiro arrecadado financiará os pilares para uma sociedade mais justa! Haverá, po exemplo, cota para feios nas Universidades e nas empresas. Carros adaptados para feios, mais baratos, sem espelhos internos. Feios terão passe livre nos ônibus e preferência nas filas em geral, atrás apenas das grávidas e dos idosos. O governo subsidiará bolsas de estudos no exterior para os feios. Esse ponto, aliás, é até de utilidade pública...

Pessoas bonitas que se casarem com feias terão benefícios fiscais. Assim como as empresas que mantiverem em seus quadros de funcionários mais de 20% de funcionários feios. Mais de 20%, tais emrpesas seriam interditadas pela vigilância sanitária. Haverá também a bolsa-feio: uma pessoa que namorar com um feio receberá, enquanto durar o relacionamento, uma ajuda de custo de acordo com o grau de feiúra do parceiro. Assim como em profissões como modelo, ator e destaque do dia no Mc Donalds a beleza é fundamental, os feios terão rpeferências em carreiras que exijam mais inteligência e estudo, como escritor, médico ou atendente de telemarketing.

É ou não uma boa plataforma de governo? Todos saem ganhando, os feios e os bonitos. Não é preconceito, pelo contrário. É a luta do povo contra a injustiça e a discriminação! Ah, esqueci de falar, o Governador ou o Presidente estão isentos de imposto, mas as mulheres que mantiverem relações com eles ganharão uma bolsa-feio 350% maior do que as que namorarem cidadãos comuns...

Post chupado(!)

Bom, esse post vai ser a reprodução de um texto de um sujeito que escreve pra caralho, e que conseguiu, nesse texto, não só me matar de inveja, mas também representar exatamente o que eu penso no momento. O blogue dele é o Pensar enlouquece. Pense nisso. Inagaki, se você passar por aqui, espero que não ligue de ver seu texto por aqui. Do caralho o texto. Abraços a você e a todos. Segue.


"Amor

O amor é presença perene no coração. Há ocasiões em que dói, como se o coração fosse comprimido pela mão da ausência. Mas o fato é que o amor é acalanto. É a certeza de que existe alguma coisa além da fugacidade deste mundo, que seja capaz de perpassar o pó do qual viemos e ao qual voltaremos. O amor é chama que se retroalimenta. Pois as pessoas que amamos permanecem em nossas lembranças. E a cada instante em que evocamos um certo sorriso, um gesto de carinho ou o gosto ensolarado de uma tarde compartilhada de felicidade, elas tornam-se mais vivas ainda dentro de nós.

A vida é tigre indomado. Haverá dias em que sucumbiremos à tristeza, às lágrimas que estrelam os olhos. Afinal de contas, sangrar é inevitável e faz parte de nossa condição humana. Mas o que dizer quando sabemo-nos impotentes diante do sofrimento alheio? Como bem escreveu Cynthia Feitosa: "amar é rezar por quem você ama, mesmo sem ter religião". Posso dizer que este post é, pois, uma prece por todas as pessoas que me são valiosas. Que não lhes falte amor, essa força que não nos deixa esmorecer, que faz com que sejamos capazes de extrair do desamparo a esperança, luz inquieta que nos sorri nos dias mais enevoados."



É isso. apesar de não acreditar em Deus, rezo por quem eu amo. Os textos aí embaixo dizem tudo. Rezo por quem eu amo e cuido. Mas se der errado, como diria o filósofo, paz, amor e porrada se preciso for...

domingo, 26 de agosto de 2007

Arrogância é algo que deve ser conquistado

Eu sou redator publicitário. Bom, pelo menos eu sou pago pra isso. E muito se fala no meio(!) e fora do meio(?) sobre o famigerado ego de publicitário. É um assunto recorrente, e há muito deixou de ser uma brincadeira de coxia pra ser tornar uma verdade universal, praticamente unidade de medida. “Nossa, os peitos dela são maiores do que ego de publicitário” ou “se ego pagasse imposto publicitário pagava a dívida externa do Brasil em dois meses. E isso só dos estagiários...”. Sou obrigado a concordar que alguns publicitários figurões que tem por aí contribuíram muito pra sedimentar essa imagem. Parecem ex-BBB: não podem ver uma câmera que dão logo tchauzinho.

Mas agora, sem corporativismo nenhum – até porque seria meio paradoxal – vou levantar uma bola que nunca foi levantada: o ego de escritor. Tem todo aquele charme de atormentado, de tímido, mas raros são os tímidos de verdade. O único que conheço é o Veríssimo. Filho. O escritor, pra começar, já se acha bom por que acha que as pessoas merecem ler o que ele escreve, e por isso ele escreve. Já o publicitário, por mais que se ache muito bom, faz o que lhe é pedido. Não faz o que acha que as pessoas querem ou precisam ver ou ler.

Outra: o escritor é seu próprio chefe. Só para de escrever quando acha que está bom. Quando ele mesmo acha que está bom. Não quando o chefe ou o cliente diz que está bom. Ele mesmo julga bom o que ele escreveu. Geralmente ele acha genial, mas faz charminho pra ganhar elogio. Não que eu faça isso, claro. Só ouvi falar... Isso sem falar que a maioria – dos que eu conheço pelo menos – exercita o próprio ego relendo seus textos dia após dia, morrendo de rir e achando todos eles “muito bons!”. Ouvi rumores sobre isso...

Bom, e quem é os dois, como eu, por exemplo? Publicitário e escritor. Haja piadinha sobre ego inflado e olhares de “nossa, ele se acha...”. Mas eu resisto e sigo o caminho da serenidade de espírito, da humildade e da modestia. E da mentira, de vez em quando. Como? Modéstia tem acento? Desculpa, é que eu não to acostumado a usar essa palavra...

sábado, 25 de agosto de 2007

Oquêi, você venceu: eu sou um canalha.

Oquêi, você me pegou no pulo. Não tenho o que dizer, batom na cueca, boca na botija. Não vou negar. Chega de mentira. É isso, paciência. O que você á sabia, agora vai ouvir da minha boca: eu sou um canalha. É, canalha. Quer que soletre? CA-NA-LHA. Desculpa se eu não sou como seus amigos, que não mentem, nunca traíram, não enganam ninguém, são românticos o tempo todo, nunca passam dos limites e são poços de sensibilidade. Nem como os namorados das suas amigas, que não falam besteira na frente das pessoas, nem palavrão nem olham pras namoradas como se fossem tirar a roupa delas ali mesmo, na ante sala do dentista.

Desculpa se as vezes eu olho pra você e não consigo enxergar as roupas, ou se de vez em quando, quando brigamos, eu nem rpesto atenção por to olhando pro seu decote sensacional, e quando você caba de falar, minhas mãos sobem que nem mão de criança pra pegar o gatinho do colo da vovó, como se você nem tivesse falado nada. Desculpa se admito que, na primeira vez que ficamos, foi só por que você é linda, ou muito gostosa, mesmo que depois esse motivo tenha se tornado apenas um comvenente complemento. Não tenho visão de raios-x como seus amigos, que dizem que não ficam pela beleza nem da primeira vez.

Desculpa se falo que seus amigos babacas são babacas, e que meu sonho é chutar seu cachorro maldito, e não fico dando sorrisinhos amaerlos pra eles. Desculpa se, quando falo que to com saudade, falo que sinto muita falta do seu corpo também, e faço aquele gesto clássico com as mãos abertas na frente do peito viradas pro alto, sinalizando do que exatamente eu estou falando. Não me arrependo por falar que quero ver o jogo, não o especial Leonardo Di Caprio na TV a cabo, ou que preferia ir no paintball do que na exposição de orquídeas que você quer ia há meses.

Como você pôde ver, não sou perfeito, ao contrário de todos os outros homens que você conhece, e que todas as mulheres que você conhece namoram ou conhecem também. Sou assim: sinto falta da sua bunda, não atendo ninguém na hora do jogo e sempre escrevo alguma coisa bem apelativa quando você briga comigo, só pra baixar sua guarda e eu poder continuar olhando pros seus peitos. Mas como disse o sábio capitão Jack Sparrow, “sou um homem desonesto. E veja, você pode sempre confiar que um homem desonesto será desonesto. É dos homens honestos que você deve se precaver, porque nunca se sabe quando eles farão algo realmente estúpido.”

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Eu não te prometi um mar de rosas, mas qual o endereço pra entrega?, ou, Como ser brega em 63 linhas com muito orgulho!

Na sua coluna de hoje de manhã, o colunista Joaquim Ferreira dos Santos citou em um momento, uma pergunta que ele fez há muitos anos ao Mestre do romantismo escrachado e desesperado, Nelson Gonçalves. Inquirido sobre qual era o sentido de todas aquelas canções, o Mestre lascou de bate pronto que “cada nota, cada trêmulo do gogó, cada pigarro”, nas palavras do Joaquim, era sempre em prol da busca desesperada de que alguma pequena para sempre dormisse ao seu lado.

Ele resumiu o pensamento de milhares de sujeitos que, em uníssono, pensam dessa forma. São os que chamarei de agora em diante de “Machos Neo-Românticos”. MNR, pra facilitar. São os que ainda mantém vivo o legado de nomes como Waldick Soriano, Nelson Gonçalves e Odair José? Brega, diriam vocês. Não se deixem levar pela pequeneza desses estereótipos que envenenam a sociedade contemporânea, como o dos metrosexuais ou o dos Emos. Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum. Enquadram-se nessa categoria não só cantores, mas escritores e poetas que ainda fomentam o romantismo “volta pra mim ou me mato com uma overdose de Doril”. Admito sem pudor ou medo: sou um MNR. Dos piores. Ou dos melhores, entendam como quiserem.

Pois bem, voltando ao primeiro parágrafo, o objetivo que cada linha, cada estrofe, cada grito abafado ou cada ameaça de largar tudo se ela não votar é, no fundo, o mesmo que movia o saudoso Nelson: a busca desesperada de que uma pequena para sempre durma ao nosso lado. Ou embaixo, em cima, meio na diagonal, sem preconceitos. Mas tal situação é uma coisa muito mais, digamos, abrangente do que só isso. Tachados de safados, infiéis e mulherengos, freqüentemente somos acusado de sermos falsos românticos devido à freqüente rotatividade de musas em nossas mentes, corações e penas. A verdade é que nós, MNR, temos um coração grande e vagabundo, mais carente que filhote de hamster em pet-shop de subúrbio. Qualquer cafuné a gente apaixona e já escreve uma música, ou poema e bota um blogue no ar. E já quer morrer se ela não nos atender no dia seguinte.

A tarefa de conquistar um MNR e obter dele exclusividade não é das mais árduas, apesar de não acometer muitas mulheres em sã consciência. As normais preferem os galãs tradicionais: instrutores de mergulho, empresários promissores do ramo de informática etc. Somos mendigos da atenção, pedintes do beijo na testa com cafuné na nuca, perseguidores do cochilo aninhado no peito. Qualquer mulher que se ponha entre os nossos braços por um curto período terá a certeza de que ela é a mulher da nossa vida. Mas não fazemos por mal! Não, não! Naquele momento ela é a mulher da nossa vida, é tudo o que queremos, é a pequena que queremos que durma do nosso lado para todo o sempre. Mesmo que esse todo o sempre só dure até a hora do trabalho de manhã, ou até a hora da próxima pequena chegar para ficar ao nosso lado para todo o sempre. Não fazemos por mal.

Pior é explicar depois que as três últimas coisas que você escreveu na semana passada sobre aquela mulher maravilhosa que você quer pra sempre, na verdade são sobre três mulheres maravilhosas que você quer pra sempre, mas que ainda tem um texto pra uma quarta sendo feito, e pra quinta você mandou uma caixa de chocolates, por que ela não é muito chegada e leitura. Mas era tudo verdade! Cada linha, cada palavra, cada foto de fundo com uma rosa e uma carta manchada com lágrimas. Não somos calhordas, safardanas ou mequetrefes. Tudo isso que fazemos é, seguindo os passos do mestre, em busca de uma pequena que nos brinde com a sua companhia para todo o sempre, nas noites frias e solitárias. O problema é que as noites frias são muitas, e a enorme profusão de idéia que ocorre em nossos cérebros escravos do coração não nos deixa em paz, fazendo com que nos entreguemos ao primeiro olhar terno que nos é lançado. O problema é que ela sempre nos troca por algum instrutor de mergulho ou por algum empresário promissor do ramo de informática. E se não nos troca, e comete a sandice de nos amar incondicionalmente, nossa inspiração passa a não ser mais a mesma, e como ficamos? É nesse ponto que um MNR passa o bastão à nova geração, tendo encontrado alento e pés juntos na noite fria com marshmallow e “nove e meia semanas de amor” no DVD, como fizeram os mestres. Mas enquanto isso não acontece, brincamos na rodinha e fazemos cara de pidão na grade da gaiola, pra ver se alguém para e entra na pet shop pra nos fazer um agrado...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A mais justa homengem do mundo, ou, "Vai ser burro assim na puta queo pariu!"

Em qualquer contato, de qualquer de qualquer tipo, em qualquer lugar que você tiver com essa menina cujo sorriso não cabe no próprio rosto, a primeira coisa que você vai perceber, antes das pernas grossas por baixo da saia curta, e antes dos pezinhos abertos de bailarina, não tenha dúvida, é a alegria contagiante, e as vezes até irritante, dessa criatura. Até triste essa garota é alegre. Pra arrancar o sorriso da fuça dela só com alicate.

O que quer que você fale ou faça, ela vai ter sempre alguma coisa alegre e animada pra te tirar do baixo astral. E acredite experiência própria: ela consegue. Bonita e simpática, não tem marmanjo que não preste atenção no seu jeito moleca de menininha que tá vindo da escola depois da aula de geografia. Meio desligada, espivitada e sempre falando, rindo ou gesticulando, vê-la quieta é um milagre. E pra mim pelo menos, isso é adorável, é sempre uma carga de energia praqueles dias que a vida dá umas bifas nos cornos da gente.

Uma amiga não tão nova nova, mais virtual do que outra coisa, mas definitivamente uma pessoa sensacional, que é sempre maravilhoso ter por perto, daquelas que eu venho correndo pra casa correndo só pra falar com ela. Que apesar de todos os meus defeitos, e não são poucos, ela me acha legal, muito legal por sinal. É ela que eu quero ter por perto pra chorar, pra rir, pra contar piada ou pra desabafar.

Não dá pra ficar um dia sem falar com essa bailarina linda. Ela me ajudou a superar um dos momentos mais difíceis que eu já passei, e nem sabe disso. Por essa bochechuda eu faria qualquer coisa, ela merece. Só não merece muito o que eu fiz nos últimos dias. E eu entenderia se ela me xingasse, me mandasse pra puta que pariu e me quebrasse a cara. Mas ela não faz. Ela entende. Ela sempre entende. E isso só piora as coisas. Ela não entende que eu não sou nada do que ela pensa. Ela entende que eu a fiz sofrer, e o pior, ainda fica triste por eu estar triste por ter feito isso! Se todas as mulheres fossem como essa menina, eu seria o sujeito mais feliz do mundo. Mas ainda bem pra ela, que nem todos os homens são como eu...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Toma lá não dá cá

Outro dia fiz um texto reclamando que as profissões que exigem talento não são valorizadas, que só se valoriza uma profissão se o cara estudar duzentos anos, essa boiolagem toda. Pois bem, me arrependi. Devia ter estudado e ter sido médico, advogado ou político.

Fiquem calmos, não precisa chorar, não vou parar de escrever aqui não. Era só uma divagação. Pelo seguinte motivo: desde que passei a viver de escrever, escrever o que quer que seja, não tenho sosego. Anteontem um amigo perguntou se eu já tinha tentado escrever música, pra eu fazer uma pra ele. Entrou ontem de novo e "e aí, fez AS músicas?". No plural. Ele queria "só umas cinco" músicas. Pro dia seguinte. Isso sem falar em gente que me pede depoimento pro orkut, texto pro blogue, até carta pro NAMORADO já me pediram. "Vai, você é profissional, finge que você é mulher."

Eu mereço. Se eu fosse médico, duvido que eu ia ouvir "cara, to com uma dorzinha aqui. Acho que é apêndice. Você tem um bisturi aí no bolso?". Ou se fosse advogado, "cara, minha ex ta namorando. To pensando em dar um tiro nos cornos do filho da puta, tem como você me arrumar um habeas corpus no dia seguinte só pra eu poder fugir do país no dia seguinte?", se eu fosse advogado. Ou se fosse político ninguém ia me pedir tijolo, emprego ou vantagem em licitação de conta do governo.

As pessoas acham que por que eu escrevo eu posso fazer isso em qualquer lugar a qualquer hora. Até posso, mas desde que seja por uma causa nobre, tipo impressionar uma gostosa ou alguma coisa assim. Vou passar a falar que eu sou proctologista ou ex-presidiário. Se bem que mesmo assim vãoa ter uns malucos querendo pedir alguma coisa. Mas no fundo eu gosto, eu até faço, quando não tenho que fingir que sou mulher, claro. Só que a volta é triste, se algum de vocês aí for médico ou stripper, é bom se preperar pra quando eu resolver tirar vantagem disso...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Capitalismo utópico

- Quer dizer que você faria um comercial de cigarros ou cerveja? Ou um filme violento, que não acrescente nada?

- Claro.

- Hmpf.

- Por que? Qual o problema? Se tão pagando, eu tenho que fazer!

- Claro que não. É errado. Pessoas morrem de câncer e cirrose, por causa de gente como você!

- Peraí, por causa de gente como eu? Eu faço filme e propaganda, não faço cerveja nem cigarro. Nem obrigo ninguém a comprar. Só faço propaganda. Só isso.

- Você é responsável, você faz elas comprarem!

- Faço? Quer dizer que se eu faço um comercial de camisinha, toda vez quem alguém tiver fazendo sexo vai mandar “Ohhh Léééo!! Essa foi pra você, amigão!!!”?

- Você é ridículo.

- ...

- Você convence gente a beber e a fumar, e depois elas morrem e batem de carro e matam pessoas por sua culpa.

- E a transar, não esqueça. E elas gosam e fazem filhos também por minha culpa.

- Cala a boca, merda! Você convence as pessoas a beber e fumar, crianças, adolescentes, e não fica culpado?

- Culpado? Pelo amor de Deus! Quer dizer que eu tenho esse poder todo? Se afasta um pouquinho então. (Gritando) EI, MULHERES!! EU TO AQUI! SOU BONITO, CHARMOSO, INTELIGENTE, E QUERO QUE TODAS VOCÊS VENHAM AQUI AGORA E ME DÊEM. AGORA! MAS FAÇAM FILA, POR FAVOR, TEM PRA TODAS! (cínico). Ué, não funcionou por que?

- Idiota! O que eu to fazendo aqui com você?

- Que tal, se divertindo?

- Com um cara que mata gente de câncer e causa acidentes nas estradas?

- Olha, chega muito perto não, que do jeito que a coisa anda, se você engravidar vai acabar sobrando pra mim também.

- E além de tudo não leva o sofrimento alheio a sério...

- Claro que eu levo. Também levo a sério uma coisa chamada Livre-arbítrio. Bebe quem quer, fuma quem quer, e pronto.

- Nossa, que capitalista.

- Tá bom, falou a bolchevique agora. Não to vendo suas roupas de saco de batata, Capitão Planeta...

- Mas eu sou consciente.

- Consciente de que nós estamos entrando pra ver Harry Potter, comer pipocas por quase vinte pratas e tomar coca cola. Não me parece nada capitalista isso.

- Eu faço o que posso.

- Encher o saco de gente normal.

- ...

- A propósito, você faz o que?

- Sou estilista.

- ....