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sexta-feira, 13 de abril de 2007

O ciclo

Poucas pessoas sabem, quase ninguém acredita, mas é a mais pura verdade: eu sou budista. Não, não sou satanista nem ateu xiita. Sou budista. Então, dizia eu, de acordo com o budismo, a vida, ou as vidas, é, ou são, feita, ou feitas, de ciclos. Ciclos, que, naturalmente, se iniciam e se fecham, quer a gente queira ou não. Pois é, e é com muita tristeza que admito, em primeiríssima mão, que acaba de se encerrar um dos melhores ciclos da minha vida. Não um ciclo romântico, nem profissional, nem de amizade. Mas um ciclo que englobava tudo isso. E por isso vai deixar muitas saudades.
Em poucos meses, uma paixão arrebatadora se transformou em uma amizade intensa, cúmplice, dependente, intrínseca e alegre. Como toda amizade deve ser. A paixão não esfriou, pelo contrário, aumentou a ponto de se transformar em uma amizade que ultrapassava qualquer limite. Qualquer limite, disse eu. Nos ligávamos pra dar qualquer notícia, falar coisas ruins, coisas boas, coisas, chatas, coisas interessantes. Nos procurávamos, nos encontrávamos. Tudo ficava em segundo plano. Até coisas que não deveriam ficar. Mas ficavam.
A essa altura, o melhor seria a amizade virar só amizade, ou se transformar em um amor daquele supimpas, de arrebentar a boca do balão. Mas não virou. Continuou a amizade dependente e a paixão incontrolável e arrebatadora. No meio de uma conversa, beijos de arroubo oriundos de uma vontade incomensurável, e a amizade continuava logo depois. Por falar em depois, algum tempo depois, as coisas mudaram. Decidiram que, a amizade provavelmente era parte do processo da paixão. Mas não era. E na tentativa de escolher entre a amizade sincera e a paixão traiçoeira, ficaram sem as duas depois de alguns meses de tentativas.
E o pior, é que, conforme a paixão ia esfriando, a amizade antes eterna ia minguando. E onde antes havia dependência e cumplicidade, havia agora um pouco de indiferença, e a certeza de que não faziam mais falta um na vida do outro da maneira que fizeram um dia. A paixão não volta mais. A amizade se corrompeu, e é bastante pouco provável que a paixão volte. Um deles, hoje, não sabe dizer ao certo do que sente mais falta. Ou melhor, sabe sim: dela. E a outra parte não só parece não sentir falta, como parece hoje, não acreditar que já sentira aquilo. E assim, o ciclo se fecha. Um ciclo que gerou textos memoráveis, palavras de amor dignas de “There will always have Paris”, e momentos de cumplicidade poucas vezes testemunhados por ambos. Um ciclo que marcou a vida dos dois, de uma maneira ou de outra. Um ciclo que, desejo eu, jamais seja esquecido pela outra parte, porque dessa parte aqui, vai ficar pra sempre uma lembrança, acompanhada de um sorriso no canto de boca, e um balbuciado entredentes: “aquela magrela...”.

terça-feira, 10 de abril de 2007

O Pior da Educação Esportiva


"LANCEPRESS!

O bom momento de Ronaldo no Milan parece ter influenciado até a Fox, que tem gravado um episódio do desenho “Os Simpsons” em que o Fenômeno ensina o time de Lisa, filha de Homer Simpson, chefe da família, a jogar bola. Segundo informações do site do canal americano, ficou decidido que o episódio irá ao ar no próximo dia 22.

Na verdade, a participação de Ronaldo foi gravada em 2006, quando o jogador andava em baixa e sua barriga era o assunto mais comentado, sobrepondo os gols que lhe consagraram. A pança da vez é a de Homer. "


E notícias chegam à redação que, nos próximos episódios, Steve Wonder ensinará Homer Simpson a jogar sinuca, Rubinho Barrichelo introduzirá Bart Simpson no mundo do automobilismo e Romário ensinará Apu a fazer mil gols.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Tempos difíceis...

São outros tempos. O vizinho faz churrasco e nego passa o pão na fumaça. Tempos difíceis, quentes, superpovoados e desinibidos. Há quem goste, há quem reclame, há quem sinta saudades dos tempos de outrora, onde as cores eram em tons pastéis, as roupas serviam ao seu real propósito – cobrir - e as pessoas podiam usar palavras como “outrora”, “desinibidos” e “tons pastéis”, sem que algum gaiato perguntasse de bate-pronto se isso é de comer ou de passar no cabelo.
Antigamente as coisas eram mais fáceis. Claro, as coisas que hoje são difíceis eram fáceis. Mas camarada, as coisas que hoje são mais fáceis que continência de soldado em dia de festa no quartel, naquela época eram difíceis pra burro. Era mais fácil ser romântico, essas coisas. Imagina a cena: você ta de saída com a pequena pra algum lugar, coisa e tal, quando, de repente, começam a cair as primeiras gotas de chuva. Você, influenciado pela época áurea de Hollywood, olha pro alto, fecha os olhos, respira fundo, abre os braços e se deixa lavar pelas gotas divinas. Depois de alguns segundos, você percebe que sua companheira já está debaixo de uma marquise, olhando você com cara de quem tá olhando um macaco dentro da jaula jogando seus dejetos na platéia.
Molhado, você se aproxima dela. Ela te olha de cima a baixo, como que se arrependendo do maldito momento em que decidiu sair com você. Você, inocentemente, solta um “o que que houve?”. “o que que houve? Você é maluco? Eu to com celular, palm, câmera fotográfica, e isso sem falar que eu fiz escova hoje de manhã! Você deve ter algum problema”. E ao invés de reclamar da falta de romantismo da moça, você para pra pensar que sim, você é maluco, por que você não fez escova, mas também estava com o celular e o palm no bolso. Ainda está, só que agora eles nem dão sina de vida. Aí bate aquela saudade da época em que as pessoas não tinham celular, nem palm, nem faziam escova. E se martiriza por não conseguir, você, um bastião da melancolia, não conseguir viver sem celular nem palm nem câmera nem mulheres com escova. E pondera, triste, se daqui há algum tempo, não será você a correr pra esconder a escova debaixo da marquise. Vai saber, são tempos realmente difíceis.